domingo, 16 de junho de 2013
Saiba o que aconteceu no IV Seminário da Frente Nacional contra a privatização
Com aproximadamente 600 pessoas, 14 fóruns estaduais contra a privatização da saúde, diversos movimentos e entidades, o IV Seminário da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde discutiu inúmeras pautas que tinham um mesmo objetivo: um SUS público, integral, universal e de qualidade. O evento aconteceu entre os dias 07 e 09 de junho, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis.
As mesas contaram com temáticas como ‘Análise de Conjuntura ', que avaliou os modelos de gestão de saúde no Brasil, por conta da análise da professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Maria Inês Bravo, além do contexto econômico em que este modelo está inserido, dado pelo professor Rodrigo Castelo Branco, também da UERJ; e ainda o cenário da América Latina apresentado pela professora Maria Lucia Correia, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Maria Inês Bravo, que também é uma das representantes da Frente Nacional e do Fórum de Saúde do Rio de Janeiro, faz um balanço do evento apontando temáticas a serem discutidas até o próximo seminário. "Contamos com uma participação muito ampla, mas temos muita coisa para ampliar, muita gente a mobilizar, porque nessa conjuntura, quanto mais mobilização, mais fortalecimento. Em termos de temática, o que avança é a questão dos planos privados. Esse debate foi apontado mas não aprofundado no último encontro, e neste ainda não conseguimos dar conta do aprofundamento necessário. Levamos como tarefa a formação desta temática nos fóruns. Infelizmente, o que tem permanecido desde o primeiro Seminário são os novos modelos de gestão, e a Ebserh aparece com um agravante, que é a sua ampliação", explica.
A mesa ‘Movimentos Sociais e os Fóruns de Saúde ' levantou outra necessidade: a da pauta conjunta dos movimentos. O professor emérito da UFSC, Marco Aurélio da Ros, historicizou o contexto da Reforma Sanitária e a necessidade de resgatá-la nas suas origens. As representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Jussara Basso e Gislei Siqueira, respectivamente, falaram sobre a importância da união dos movimentos sociais junto à defesa do SUS, e como esta luta é unificada.
O professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Geandro Pinheiro indica que o encontro mostrou o caminho para uma discussão mais ampla que vai além da pauta da Saúde. "Saímos com a certeza da necessidade de sair do campo apenas da luta fenomênica - a privatização da gestão é só a ponta da discussão. Estamos sempre reagindo, mas o que temos que pensar é a determinação social, os modos de produção que estão gerando estes modelos apresentados. Outro ponto que está avançando é o entendimento de que o SUS que temos hoje também precisa mudar, não vale a pena lutar pelo que temos hoje. Temos que lutar por aquele modelo que defendemos lá atrás", defendeu.
A terceira atividade teve como temática ‘Os Novos Modelos de Gestão e a Privatização do SUS '. A pauta discutida constantemente pela Frente ganhou dados e análises novas, por conta da explanação da professora Maria de Fátima Siliansky Andreazzi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que discutiu os incentivos do Governo Federal aos planos de saúde, e da professora Maria Valéria Costa Correia, da Universidade Federal de Alagoas, que falou sobre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Heleni Dantas, do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e uma das fundadoras do Fórum de Saúde da Bahia levará temáticas apresentadas para serem debatidas em seu estado. "O seminário deixa a gente com alma nova e vontade de lutar. O que eu levo como destaque é a questão da Saúde Mental, que apresenta uma das formas de privatizar a Saúde por outra vertente, que são as Comunidades Terapêuticas", informa.
A representante do Fórum Catarinense em Defesa do SUS, organização anfitriã do evento, Edileuza Garcia, também destacou a forte presença de diferentes entidades e movimentos como saldo positivo para o fortalecimento da Frente Nacional. "O Seminário superou as expectativas, por conta da grande participação. Isso é muito bom pelo momento em que estamos vivendo de retirada dos direitos no campo da Saúde. Importante também foi perceber o fortalecimento da Frente e a resistência em todo o Brasil", avalia. E exemplifica: "Conseguimos, por exemplo, barrar a Ebserh em nosso estado, e tanto o Fórum Catarinense quanto a Frente Nacional estão ainda mais fortalecidos", informa.
Fonte: EPSJV, 13 de junho de 2013
Por Viviane Tavares - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).
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