terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Anhanguera demite cerca de 680 docentes em São Paulo

O início do ano de 2012 terá um gosto amargo para os cerca de 680 professores paulistas que foram demitidos recentemente pela rede Anhanguera Educacional. As demissões atingiram os professores que trabalhavam nas faculdades Uniban, UniABC e Senador Fláquer, compradas recentemente pela rede Anhanguera.

De acordo com denúncias feitas por professores, a instituição demitiu mestres e doutores para contratar apenas especialistas, que recebem menos por hora/aula. Enquanto um mestre ganhava na Uniban R$ 38,00 por hora/aula, a Anhanguera pagará 26,00 aos novatos.

O 2 º vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN, Marco Aurélio Ribeiro, criticou as demissões, consideradas arbitrárias. “Em instituições realmente preocupadas com a qualidade da educação, as demissões passam por decisões de colegiado, o que não ocorre na Anhanguera e em outros conglomerados de ensino superior. Lamento esse tipo de comportamento”, afirmou.

“Hoje, em qualquer escola de ensino fundamental ou médio, as mensalidades estão em torno de R$ 900. Como um curso superior pode custar apenas R$ 300?”, questiona. Sacrificando a qualidade, é a resposta.

Em entrevista ao Diário do Grande ABC os professores da UniABC criticaram o corte em massa que implicará em perda na qualidade do ensino. "Qual é o compromisso que a Anhanguera tem com a Educação? Foram aplicados altos investimentos na compra de outras instituições, mas sem contrapartida para o ensino. É o sucateamento da Educação", avalia o professor e mestre Sérgio Simka, que lecionou por quase 11 anos no curso de Letras. O professor critica o uso exagerado do método de Educação a distância utilizado pela universidade. "Se pessoalmente os alunos já cometem erros de português, imagine a distância?"

O professor Vitor Mizael Dias, que dava aulas no curso de Arquitetura, afirma que os mestres e doutores que ficaram no quadro funcional foram condicionados a aceitar diminuição da carga horária. "Os professores que trabalhavam com pesquisa tinham jornada de 40 horas semanais. Agora, a jornada será de oito horas."

Segundo o docente, após a aquisição da UniABC, a Anhanguera teria prometido aos funcionários que não haveria demissões.

Essas demissões são o resultado da concentração das faculdades nas mãos de grandes corporações, que estão mais preocupadas com o lucro do que com a qualidade do ensino. Lamentavelmente o Ministério da Educação tem sido conivente com essa prática, que tem reduzido a contratação de mestres e doutores, o salário dos docentes e transformado as faculdades particulares em meras expedidoras de diplomas.


Fonte: ANDES-SN/Diário do Grande ABC/Diretoria da ADESSC