sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CARTA DE PIRACICABA

Nos dias 15 e 16 da primavera de outubro de 2010, a bela e aconchegante cidade de Piracicaba/SP acolheu no Campus Centro da Unimep o Encontro do Setor da IPES – ANDES-SN. A pauta procurou resgatar pontos fundamentais da relação ANDES/IPES: a representatividade do ANDES-SN no Setor das IPES no contexto da legitimidade/legalidade; Plano de lutas para o Setor das IPES; Relatos de experiências das Seções Sindicais e Elaboração da Carta das IPES para o encontro intersetorial.

As Seções Sindicais presentes reafirmaram a adesão aos princípios ideológicos do ANDES-SN que conduzem a prática desse sindicato frente às políticas sindicais e educacionais no âmbito universitário. O Plano de lutas endossou mais uma vez a necessidade de ampliar e reforçar as ações conjuntas dos três setores, no sentido de assegurar a legitimidade na base docente universitária. Para isso, devemos pensar ações com metas definidas para todas as regionais do sindicato, de modo a fortalecer a correlação de forças na representatividade da categoria. As ações conjuntas no discurso e na prática objetivam, sobretudo, o enfrentamento às perseguições sofridas pelo ANDES-SN, como a suspensão de seu registro sindical. Para isso devemos unir esforços na rejeição do registro parcial, a fim de conquistar a legal e legítima representação dos setores da educação superior.

No diálogo com os docentes das instituições superiores, além do histórico combativo do ANDES-SN, é preciso fundamentar a concepção que nos diferencia dos nossos opositores nos discursos e práticas sindicais.

Outros pontos de convergência apelam para a real mobilização conjunta das universidades públicas e privadas, além de seus processos de lutas contra o baixo salário, precarização do trabalho docente e cortes de verbas; devemos ir além da defesa das melhorias das condições de trabalho. Estamos falando do combate às políticas para a Educação que permitem e incentivam a inserção de projetos de interesses privados em instituições federais, estaduais e municipais direcionando as pesquisas acadêmicas às demandas das corporações que monopolizam as várias áreas do mercado de trabalho; da invasão crescente do ensino a distância, numa explícita substituição e segregação dos cursos de licenciatura. Estes migram para a protegida e afortunada indústria da educação, possibilitando a abertura de dezenas e dezenas de faculdades particulares em todo o país, com a conivência do Ministério da Educação, que fecha os olhos àqueles que veem no conhecimento um lucrativo produto de seus negócios. Ao contrário, a “escolha” de cursos e universidades pelos estudantes é realizada com a “ajuda” imprescindível do ranking oferecido pelo Estado, publicidade mercantil ancorada na avaliação neoliberal para garantir “a qualidade da educação”.

Nesse sentido, devemos pensar ações que possam resgatar os propósitos de uma Educação de excelência, engajada na construção, socialização e universalização dos conhecimentos e dos bens simbólicos culturais, rumo à Educação ideologicamente comprometida com contexto sociocultural da sociedade em que a universidade está inserida. Para que isso aconteça, devemos aprofundar no seio das Regionais a discussão sobre os espaços de interseção da educação pública/privada e a conjunção de suas ações nos planos de luta em comum.

O propósito é gerar ressonância no exercício docente, assim como enviar bons ventos, capazes de içarem bandeiras que, unidas, transformem-se em pilares vigorosos do ANDES-SN contra as devastadoras políticas do estado neoliberal na educação brasileira.


Piracicaba, 16 de outubro de 2010.